Desinformação atrapalha prevenção do câncer de mama

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Nove em cada dez brasileiros afirmam que já acreditaram em informações falsas, mas 62% confiam na própria capacidade de diferenciar o que é verdadeiro do que é fake news, segundo dados de uma pesquisa do Instituto Locomotiva. O problema, porém, é que essa confiança nem sempre se traduz em cuidado, visto que 12% dos entrevistados apontaram o comprometimento da saúde como um dos maiores riscos da desinformação. De acordo com a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), a propagação de conteúdos falsos é o maior risco global para 2025. Na área da saúde, esse cenário se reflete de forma preocupante na prevenção do câncer de mama.

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Ítalo Dutra, médico da área de Mastologia do AmorSaúde, explica que a desinformação compromete diretamente o diagnóstico e prevenção, pois "confunde mulheres, reduz adesão a campanhas e retarda tratamentos que poderiam ser precoces, menos agressivos e mais bem tolerados".

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Diante desse cenário, Dutra reforça que a orientação médica é indispensável para garantir informações seguras e prevenir doenças como o câncer de mama. "Somente um profissional de saúde pode avaliar o histórico, os sintomas e os fatores de risco de cada pessoa de forma individualizada", destaca o médico. "Na era das redes sociais, é fundamental que as pessoas confirmem qualquer informação sobre saúde com fontes confiáveis, pois a prevenção começa com o acesso correto ao conhecimento e com o acompanhamento médico regular".

Neste Outubro Rosa, o profissional chama a atenção para a importância de combater a desinformação e destaca que campanhas de conscientização são oportunidades valiosas para orientar a população com base em evidências científicas.

Com que frequência fazer mamografia

De acordo com Dutra, "a mamografia é o principal exame de rastreamento do câncer de mama, com realização a partir dos 40 anos e repetição anual, podendo ser antecipada em casos de exceção, conforme risco individual".

Com a nova política do Ministério da Saúde, publicada em setembro de 2025, o órgão passa a recomendar que mulheres entre 40 e 49 anos — faixa etária que concentra 23% dos casos da doença — também façam o exame de mamografia, em caráter preventivo, e não mais apenas a partir dos 50 anos.

Além da mamografia, Dutra explica que para mulheres com risco habitual não há evidências suficientes para uso rotineiro de ultrassom ou ressonância magnética. O médico alerta que a "ultrassonografia mamária ajuda, auxilia e complementa a mamografia, porém não a substitui". "Já a ressonância costuma ser reservada para casos específicos, quando há dúvidas sobre exames anteriores ou ainda para programação cirúrgica", explica o profissional.

Sobre o autoexame tradicional das mamas, feito de forma sistemática, o médico ressalta que não reduz a mortalidade por câncer de mama e não substitui a mamografia. Ele explica que o autoexame é "importante para o autoconhecimento do próprio corpo e para regiões menos favorecidas do mundo onde o acesso a exames de imagem é impossível, porém nunca substitui exames médicos e de imagem, porque é uma detecção menos precoce do que os exames de imagem", afirma.

Hábitos que ajudam a reduzir o risco

Dutra reforça que adotar hábitos saudáveis é uma das formas mais eficazes de prevenção. Entre as principais recomendações:

  • Manter o peso saudável e evitar o excesso de gordura corporal, especialmente após a menopausa;
  • Praticar atividade física regularmente;
  • Evitar o consumo de álcool e não fumar;
  • Amamentar, quando possível, pois quanto mais tempo e mais vezes amamentar, mais baixo o risco;
  • Gestação: quanto mais precoce e mais vezes engravidar, menor o risco de câncer de mama;
  • E, principalmente, realizar acompanhamento médico e exames preventivos no período indicado.

O que é mito ou verdade sobre o câncer de mama

Falsas informações ainda circulam com força nas redes sociais e podem gerar medo, atrasar consultas e afastar mulheres de hábitos preventivos importantes. Dutra explica 10 mitos e verdades sobre o tema:

1) Câncer de mama acomete apenas mulheres mais velhas

Mito: a incidência costuma ser rara em jovens, mas o médico alerta não ser impossível.

2) Amamentar reduz a chance de câncer de mama

Verdade: segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a amamentação contribui para reduzir o risco de desenvolver câncer de mama, pois durante esse período há uma diminuição nos níveis de hormônios que estimulam o surgimento da doença. Além disso, os processos naturais do aleitamento favorecem a renovação celular e a eliminação de possíveis alterações no material genético das células mamárias. 

3) Desodorante causa câncer

Mito: estudos não mostram aumento de risco com o uso de desodorante, antitranspirante ou depilação da axila.

4) Batida no peito vira câncer

Mito: traumas não causam alterações celulares que levem ao câncer. Esse mito pode causar temor e fazer a mulher adiar a investigação correta.

5) Estilo de vida saudável reduz o risco

Verdade: manter o peso adequado, praticar atividade física, limitar o álcool e não fumar são medidas de proteção.

6) Nem todo caroço é câncer

Verdade: a maioria dos nódulos é benigna, como os fibroadenomas. Mesmo assim, todo caroço deve ser avaliado para garantir tranquilidade e segurança.

7) Câncer de mama sempre causa dor

Mito: a maioria dos casos não dói nas fases iniciais, por isso é importante ter acompanhamento médico regular para diagnóstico precoce.

8) Apenas quem tem histórico familiar precisa se preocupar

Mito: ter parentes com câncer aumenta o risco, mas não tê-los não significa estar protegida.

9) Homens também podem ter câncer de mama

Verdade: embora raro, homens podem ser acometidos pelo câncer de mama, e os casos representam 1% do total, segundo o INCA. Em 2020, o Brasil registrou 207 óbitos de homens por câncer de mama.

10) O câncer de mama tem cura

Verdade: o câncer de mama tem cura, principalmente quando é identificado nas fases iniciais. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado aumentam significativamente as chances de sucesso. Para definir a melhor abordagem terapêutica, é fundamental avaliar o tipo de tumor e o estágio da doença.

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