Do ataque do Hamas ao cessar-fogo: os 2 anos que mudaram o Oriente Médio

há 1 semana 14
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Depois de quase 2 anos de violência, o conflito entre o Estado de Israel e a organização palestina Hamas chega a um ponto decisivo com o anúncio de um cessar-fogo pelo grupo nesta semana. A trégua, mediada por países como Catar, Egito e Estados Unidos, encerra, ao menos temporariamente, uma guerra marcada por destruição em massa, crise humanitária e impasses políticos.

Desde o ataque surpresa lançado pelo Hamas no dia 7 de outubro de 2023, que provocou mais de mil mortes em Israel e desencadeou uma ofensiva militar devastadora em Gaza, o confronto deixou dezenas de milhares de mortos, reacendeu tensões no Oriente Médio e reconfigurou as alianças globais em torno da região. O portal LeoDias relembra em ordem cronológica o que aconteceu desde então na guerra sanguinária.

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Refém do HamasReprodução: X/@MarciaCasali
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Nesta segunda-feira (8/9), Israel derrubou um arranha-céu pelo quarto dia seguido de ataques em GazaReprodução: g1
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Benjamin Netanyahu em vídeo publicado em seu perfil no X nesta segunda-feira (8/9), avisando para israelenses evacuaremReprodução: X/@netanyahu
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Navio da missão internacional pró-Gaza sofre ataque em porto da TunísiaReprodução: @mansur.peixoto
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Fotojornalista palestina Fatma Hassouna morreu na Faixa de GazaReprodução: Instagram/Fatma Hassouna
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Algumas das últimas fotos que Fatma tirou, em Gaza, quando palestinos caminhavam no local retornando a eleFoto: Instagram/@fatma_hassona2
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7 de outubro de 2023: o ataque

Militantes do Hamas atravessaram a fronteira, mataram cerca de 1,2 mil pessoas em Israel e levaram mais de 250 reféns para Gaza, segundo autoridades israelenses. O número de mortos israelenses foi posteriormente revisado para aproximadamente 1.175, incluindo civis e forças de segurança.

Segundo o próprio Hamas, o ataque, chamado pelo grupo de “Operação Dilúvio de Al-Aqsa”, foi apresentado como uma “resposta necessária” ao que descrevem como ocupação israelense, violações em Jerusalém, expansão de assentamentos, o bloqueio da Faixa de Gaza e a situação de prisioneiros palestinos. Ou seja, a motivação combinou justificativas ideológicas e territoriais, proclamadas pelo próprio Hamas para reconfigurar o tabuleiro regional.

A resposta de Israel: bombardeios, cerco e invasão terrestre

Israel respondeu com uma campanha aérea massiva, cerco total a Gaza e a entrada de tropas por terra a partir do dia 27 de outubro de 2023, com centenas de soldados israelenses mortos em combate ao longo da operação.

O país do Oriente Médio combinou bombardeios intensos com a entrada progressiva de tropas e blindados, cortando quase por completo internet e telefonia no território. Relatos de campo descrevem “a noite mais feroz” de ataques até então, enquanto um blecaute de comunicações deixou 2,3 milhões de habitantes isolados por horas, dificultando o socorro e a contagem de vítimas.

Na época, veículos internacionais registraram colunas de tanques avançando e explosões constantes ao norte de Gaza City. Dias depois, o cerco ao eixo hospitalar de Gaza virou um marco da campanha terrestre iniciada naquele fim de outubro.

Novembro de 2023: primeira pausa e trocas de reféns

Mediada por Catar, Egito e Estados Unidos, uma pausa temporária permitiu trocas: dezenas de reféns israelenses e estrangeiros foram libertados em troca de prisioneiros palestinos. Foi a primeira trégua significativa desde o início do conflito.

Janeiro de 2024: colapso humanitário

A Corte Internacional de Justiça (CIJ) determinou que Israel prevenisse atos proibidos pela Convenção do Genocídio e melhorasse o acesso humanitário; paralelamente, agências da ONU alertavam para fome iminente em Gaza. A devastação e o deslocamento em massa pioraram durante 2024.

Maio de 2024: ofensiva em Rafah

Apesar de pressões internacionais, Israel lançou operações em Rafah, tomando pontos-chave como o cruzamento fronteiriço e ampliando combates no sul da Faixa de Gaza.

Até então, a região era um dos últimos redutos relativamente mais seguros para civis. Tropas israelenses, inclusive blindados, cruzaram a fronteira e avançaram rumo ao cruzamento de Rafah, numa operação marcada por combates intensos e elevação expressiva no número de baixas.

A ofensiva gerou forte reação internacional: a ONU e países europeus pediram cessar imediato das hostilidades e alertaram para o risco de um colapso humanitário.

Rafah passou a ser foco simbólico: ocupar essa região era visto como passo decisivo para enfraquecer a capacidade logística do Hamas no sul de Gaza e controlar as fronteiras terrestres com o Egito.

Negociações e resgates

Ao longo de 2024 e 2025 houve negociações esporádicas, algumas trocas adicionais e operações de resgate. Às vésperas de um novo acordo, em meados de maio de 2024, as negociações entre Israel, Hamas, Catar e Egito giravam em torno da libertação dos reféns restantes do ataque de 7 de outubro.

Segundo estimativas oficiais israelenses, cerca de 48 pessoas ainda estavam sob poder do Hamas, sendo pelo menos 20 delas confirmadas como vivas. O restante incluía reféns presumidos mortos, desaparecidos ou em situação indefinida dentro da Faixa de Gaza.

Até outubro de 2025, relatórios compilando dados do Ministério da Saúde de Gaza, citados pela ONU, estimavam mais de 67 mil palestinos mortos em Gaza desde 7 de outubro de 2023; em Israel, cerca de 2 mil pessoas foram mortas, incluindo as vítimas do ataque inicial e militares em combate.

Outubro de 2025: o anúncio do cessar-fogo

Na última quinta-feira (9/10), o dirigente Khalil al-Hayya, integrante da alta cúpula do Hamas, anunciou compromisso com um cessar-fogo, enquanto Israel sinalizou concordância com os termos de uma proposta mediada. Houve cenas de comemoração em Gaza e em cidades israelenses; porém, detalhes de implementação, cronograma de retirada e libertação total de reféns seguem como pontos sensíveis.

No fim, a guerra foi marcada por ataques sem precedentes, pausas curtas, ofensivas sucessivas e um rastro de perdas humanas. O cessar-fogo anunciado abre uma janela para libertações finais de reféns e alívio humanitário, mas a estabilidade dependerá do que for efetivamente implementado nas próximas semanas.

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