Em meio à expectativa para a reunião entre Brasil e Estados Unidos, marcada para esta quinta-feira (16/10), integrantes do governo norte-americano voltaram a criticar o sistema judiciário brasileiro. O representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, afirmou que parte do tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros está ligada a “preocupações extremas com o Estado de Direito, censura e direitos humanos” no país.
A sobretaxa, em vigor desde agosto, foi dividida em duas partes: 10% correspondem a uma tarifa recíproca, aplicada a todos os parceiros comerciais, enquanto os outros 40% seriam motivados por razões políticas. Segundo Greer, um juiz brasileiro teria emitido “ordens secretas” para que empresas dos EUA restringissem o fluxo de informações, o que, segundo ele, fere princípios democráticos. Mesmo que não tenha citado nomes, a declaração foi interpretada como referência ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
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Abrir em tela cheiaO secretário do Tesouro, Scott Bessent, endossou as críticas e acrescentou outro argumento: a suposta “detenção ilegal de cidadãos americanos” no Brasil. Ele fez menção velada ao caso de Jason Miller, ex-assessor de Donald Trump, detido em 2021 pela Polícia Federal (PF) para depor no inquérito das fake news. Bessent também citou preocupações com o tratamento de “opositores políticos” pelo sistema judicial brasileiro.
As declarações foram dadas durante uma coletiva em Washington, realizada um dia antes do encontro entre Mauro Vieira e Marco Rubio, secretário de Estado americano. O diálogo deve abordar tanto o tarifaço quanto às sanções impostas a autoridades brasileiras.
Na semana passada, Lula conversou por telefone com Donald Trump, e o clima amistoso de ligação indicou uma possível retomada do diálogo bilateral. O presidente brasileiro chegou a brincar nesta quarta-feira (15/10) dizendo que “não foi química, foi uma indústria petroquímica” entre os dois.
Nos bastidores, a tensão permanece alta. O ex-deputado Eduardo Bolsonaro (PL/SP), que está em Washington, tem se reunido com autoridades americanas e tentado convencer o governo Trump a pressionar o Brasil por uma anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro e a outros investigados por tentativa de golpe. A Procuradoria-Geral da República (PGR) já denunciou Eduardo por suposta coação no curso do processo.