Mãe de policial morto em operação no RJ conta como recebeu a notícia e faz forte desabafo: “Só tinha 40 dias de corporação”; assista Mãe de policial morto em operação no RJ conta como recebeu a notícia e faz forte desabafo: “Só tinha 40 dias de corporação”; assista

há 2 dias 6

A mãe do policial civil Rodrigo Velloso, morto durante a megaoperação no Rio, desabafou em entrevista ao O Globo e responsabilizou o governador Cláudio Castro pela tragédia. Ela contou que soube da morte do filho pela TV e relembrou a última conversa entre eles. Veja o depoimento completo.

A mãe do policial civil Rodrigo Velloso, de 34 anos, concedeu uma forte entrevista após o filho ser morto durante a operação no Rio de Janeiro. Em conversa com o jornal O Globo, nesta quarta-feira (29), Débora Velloso contou que soube da morte do agente pela televisão e relembrou a última conversa dos dois. A mulher também responsabilizou o governador do estado, Cláudio Castro, pelo resultado da operação. Além dele, outras 120 pessoas morreram.

O policial foi atingido com um tiro na nuca durante a megaoperação realizada nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte da capital, na terça-feira (28). Lotado na 39ª DP (Pavuna), Rodrigo havia ingressado na corporação há apenas 40 dias. O velório e o enterro ocorreram no Cemitério Memorial do Rio, em Cordovil, e reuniram cerca de 150 pessoas, incluindo comandantes da Polícia Civil e da Polícia Militar.

Débora relatou que soube da tragédia enquanto assistia à TV. “Meu coração apertou quando falaram que um policial morreu. Quando apareceu o nome dele entrei em desespero”, contou. Segundo ela, o filho havia se despedido antes de sair de casa. “Antes de ir ele disse: ‘Mamãe te amo. Volto em breve’. Meu filho era amor, meu filho era sorriso. Os bandidos encurralaram ele, assim como o delegado. Aquele infeliz do Cláudio Castro sabia que os policiais não tinham condição de encarar o CV. Meu filho só tinha 40 dias de corporação”, desabafou.

Torcedor do Botafogo, Rodrigo costumava compartilhar nas redes sociais momentos com a esposa e a filha, além de registros em jogos no Estádio Nilton Santos. À Globonews, ela se emocionou ao falar do filho. “Meu filho era feliz, meu filho era amigo de todos eles que estão aqui. Eu não tenho nada de ruim para falar do meu filho, só coisas boas. Hoje meu chão abriu. Hoje uma mulher está destruída”, lamentou.

Operação deixa 121 mortos no Rio

Segundo o governo estadual, a megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha terminou com 121 mortos, incluindo quatro agentes de segurança. O secretário da Polícia Civil, delegado Felipe Curi, confirmou que 117 suspeitos morreram e 113 pessoas foram presas, entre elas 33 vindas de outros estados.

A ação, que contou com 2,5 mil policiais, teve como meta interromper a expansão do Comando Vermelho para outras regiões do país. Moradores, porém, relataram ter encontrado ao menos 74 corpos na mata da Serra da Misericórdia e os levaram até a Praça São Lucas, no Complexo da Penha, para facilitar o reconhecimento por familiares.

O governador Cláudio Castro classificou a operação como “um sucesso” e afirmou que apenas os quatro policiais mortos foram “vítimas”. “A nossa contabilidade conta a partir do momento que os corpos entram no IML. A Polícia Civil tem a responsabilidade enorme de identificar quem eram aquelas pessoas. Eu não posso fazer balanço antes de todos entrarem”, disse.

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Já o secretário de Segurança Pública, Victor Santos, minimizou o impacto das mortes. Ele afirmou que o “dano colateral foi muito pequeno”, alegando que apenas quatro pessoas inocentes morreram. Durante entrevista coletiva, o secretário da PM, Marcelo de Menezes, explicou que foi criado o chamado “Muro do Bope” para cercar criminosos na Serra da Misericórdia.

Moradores, por sua vez, classificaram o episódio como uma das ações mais violentas já vistas nas favelas do Rio. O ativista Raull Santiago, que ajudou a retirar os corpos, disse: “Em 36 anos de favela, passando por várias operações e chacinas, eu nunca vi nada parecido com o que estou vendo hoje. É algo novo. Brutal e violento num nível desconhecido”.

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Governo Federal se pronuncia

Nesta quarta-feira (29), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se pronunciou sobre a megaoperação. Em nota, ele defendeu um esforço nacional contra o crime organizado e reforçou a importância de preservar vidas durante essas ações. “Não podemos aceitar que o crime organizado continue destruindo famílias, oprimindo moradores e espalhando drogas e violência pelas cidades. Precisamos de um trabalho coordenado que atinja a espinha dorsal do tráfico sem colocar policiais, crianças e famílias inocentes em risco”, escreveu o presidente.

Ele também destacou a necessidade de uma maior articulação entre os governos estaduais e federal, mencionando a PEC da Segurança, que está parada no Congresso desde abril. “Com a aprovação da PEC da Segurança, que encaminhamos ao Congresso Nacional, vamos garantir que as diferentes forças policiais atuem de maneira conjunta no enfrentamento às facções criminosas”, completou.

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