No dia 20 próximo, o Acampamento Popular de Resistência Terra e Liberdade completa 2 anos de existência. E no dia 9 de dezembro, dois anos do trágico acidente que tirou a vida de 2 mulheres e 4 homens do acampamento e 3 trabalhadores de uma empresa de serviços de internet.
Na esteira da tragédia, o Ministro da Reforma Agrária, Paulo Teixeira, autoridades federais, estaduais, municipais e organizações da sociedade civil — além de conhecer o que se transformou no Maior Acampamento Sem Terra do Brasil — assumiram o compromisso de assentar todas as famílias cadastradas e acampadas.
De lá para cá, o MST realizou várias mobilizações para “relembrar os compromissos”, e estabeleceu um conjunto de acordos. Mas, ao se aproximar dois anos de intensas negociações, nada de terras para assentar as famílias acampadas, a não ser 152 hectares para os sem-terra esperarem a execução dos compromissos assumidos pelo Governo Federal.
O Terra e Liberdade se transformou numa pequena grande cidade, que abriga milhares de famílias de brasileiros e brasileiras, que veem na Reforma Agrária uma opção de trabalho, emprego e renda, numa região que, mesmo com a riqueza produzida pela mineração, vive com indicadores de pobreza e de mazelas sociais, típicas de qualquer outra região de excluídos no mundo.
Uma ação policial que supostamente tinha como objetivo a perseguição a suspeitos que levaram ao assassinato de um policial militar aposentado, provocou a morte de 3 pessoas dentro do território que, por ser de aquisição do INCRA, e por isso território federal, levou pânico e medo a homens, mulheres e crianças.
De novo, as famílias dos brasileiros acampados, que sofrem todo tipo de preconceito e exclusão, ficaram expostas à violência do Estado.
Em Reunião Ampliada da Coordenação do Acampamento, realizada domingo, 12 de outubro, que recebeu uma comissão com representantes do Incra, Conselho de Direitos Humanos do Estado, do Programa de Proteção a Ativistas dos Direitos Humanos, Comissao Pastoral da Terra e outras organizações civis, decidiu por retomar as mobilizações de luta pela terra, tendo entre as orientações apontadas:
1 – A imediata intervenção do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, para garantir proteção das famílias acampadas.
2 – Imediata presença do Ministro do MDA, Paulo Teixeira, e do Presidente do Incra Nacional na região de Carajás, para cumprir suas partes na solução das demandas dos Acampamentos Terra e Liberdade e Oziel Alves Pereira, em Canaã dos Carajás, assim como as das ameaças contra os assentados da Fazenda Cambará, no nordeste do Pará, vítimas de ameaças pelas forças policiais do Estado.
3 – A nomeação de uma Comissão Especial do Governo Federal para garantir a eficácia das ações de políticas públicas de proteção coletiva, coordenada pela Casa Civil da Presidência da República, e asssitida pela Anistia Internacional.
A poucos dias da realização da COP 30 em Belém, o Pará não pode, outra vez, ser notícia pela escalada de violência nos territórios que estão sob o objeto da busca ao Direito à Terra e à Reforma Agrária.
Parauapebas – Pa- Brasil – 12 de outubro de 2025
Coordenação Terra e Liberdade,