A influência da cultura chinesa: Do nanquim amazônico de Marabá ao digital

há 1 dia 3
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A presença da cultura chinesa no Brasil vai além das tradicionais festas de Ano Novo e dos restaurantes orientais: manifesta-se profundamente na arte e no cotidiano de regiões tão distantes da Ásia quanto o sudeste do Pará.

Hoje, a herança chinesa também se reflete no universo digital brasileiro, em que símbolos milenares são reinterpretados em jogos, aplicativos e campanhas de e-commerce. Essa fusão entre técnica ancestral e inovação tecnológica demonstra como traços culturais atravessam fronteiras e mídias, reforçando conexões entre passado e presente.

Marabá e o papel do nanquim amazônico

A história do nanquim em Marabá tem raízes nos precursores Augusto e Pedro Morbach, figuras fundamentais do movimento que ficou conhecido, no sudeste do Pará, como Nanquim Amazônico. Suas obras expressivas, produzidas entre as décadas de 1970 e 1990, retratam o cotidiano marabaense: atividades econômicas, festividades religiosas, fauna local, lendas e hábitos da população.

A partir daí, coletivos de artistas passaram a explorar o contraste entre o preto denso do nanquim e a luz das paisagens amazônicas, criando narrativas visuais que reverberam até hoje. Entre os nomes contemporâneos que dão continuidade a essa tradição, destaca-se Rildo Brasil, artista plástico que recentemente expôs obras em nanquim em homenagem a Marabá. Seu trabalho revisita temas urbanos e rurais, combinando traços clássicos com olhares atuais sobre identidade e memória.

Da tradição à inovação digital

Se, em Marabá, a tradição chinesa se materializou pelo nanquim em telas e papel, no contexto digital essa mesma tradição encontrou novas formas de expressão. Características milenares são agora reinventadas, adquirindo vida própria em jogos eletrônicos e plataformas online.

Um exemplo representativo desse movimento é o jogo FortuneRabbit. O jogo adota o tema do Ano Novo Chinês e utiliza símbolos como moedas de ouro (Yuan Bao), lanternas estilizadas e elementos de fogos de artifício em suas telas. A paleta de cores combina tons de vermelho, dourado e azul-escuro, remetendo à porcelana tradicional e conferindo sensação de sofisticação.

Outro exemplo de aplicação cotidiana é a plataforma de comércio eletrônico AliExpress. Durante o Ano Novo Chinês, o site direcionado ao público brasileiro exibe banners e seções especiais que incorporam lanternas vermelhas, nós-da-sorte e dragões estilizados. Elementos como selos inspirados em caracteres chineses e fundos que remetem a papel de arroz são empregados para destacar categorias de produtos temáticos, criando ambiente festivo e simbólico sem comprometer a experiência de compra.

Essa convivência entre passado artístico e inovação digital fortalece a diversidade cultural nas plataformas brasileiras e prepara o caminho para criações que celebram a arte sem fronteiras.

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Traços que conectam passado e futuro

O entrelaçamento da técnica centenária do nanquim amazônico com as interfaces digitais contemporâneas revela um fio condutor que ultrapassa gerações. De um lado, a densidade do preto sobre o branco do papel traduz histórias de Marabá, capturando lendas, paisagens e a alma de uma região em transformação. Do outro, símbolos chineses ganham vida em telas, aplicativos e jogos, provando que a herança cultural não se limita a museus ou galerias, mas se reinventa em experiências interativas

Seja em nanquim ou em pixel, cada detalhe carrega significados tradicionais enquanto aponta para novas possibilidades. Essa convergência convida públicos diversos a redescobrir raízes, valorizar narrativas compartilhadas e imaginar futuros nos quais arte e tecnologia caminham lado a lado.

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