Ex-detento em Minas vira empresário e fatura R$ 80 mil/mês com loja voltada ao sistema prisional

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Belo Horizonte (MG) — O brasileiro é, sim, mestre na arte do empreendedorismo. Prova concreta disso é a trajetória de Péricles Ribeiro, ex-detento que, ao sair do sistema prisional e esbarrar no preconceito das entrevistas de emprego, decidiu empreender para resolver um problema que conhecia por dentro: a dificuldade das famílias em enviar itens permitidos aos seus parentes privados de liberdade. Assim nasceu, na capital mineira, a Loja do Preso — um negócio que alia serviço, informação e dignidade.

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A iniciativa começou depois que Péricles deixou a prisão — ele cumpriu 83 dias em regime fechado em 2016 — e percebeu que quase nada do que sua esposa tentava levar “entrava” por conta das regras de segurança e dos padrões de embalagem exigidos. Sem oportunidades formais, ele transformou o obstáculo em oportunidade, estruturando um comércio especializado em produtos que efetivamente podem entrar nas unidades prisionais e em orientação para famílias. “É um negócio chamado dignidade”, resume o empreendedor.

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Hoje, a loja opera em Belo Horizonte, com atendimento presencial e por WhatsApp, montando e despachando kits prisionais conforme as regras de cada unidade. O endereço físico fica em região central, e o negócio ganhou comunidade engajada nas redes, com milhares de seguidores que acompanham explicações, bastidores e humor sobre o dia a dia — sem perder a seriedade da causa.

O que a Loja do Preso vende — e por que isso importa

O carro-chefe são os kits prisionais — alimentos não perecíveis, itens de higiene e vestuário dentro dos padrões — preparados já no formato aceito no recebimento das unidades. A curadoria evita compras erradas e viagens perdidas de familiares. A loja também popularizou a linguagem do cárcere, explicando apelidos de itens (como “veneno”, “táxi”, “chorona” e “coruja”) usados no jargão local.

Além de facilitar a rotina das famílias, o negócio reduz o atrito entre visitantes e portarias, ajudando a padronizar envios e diminuir recusas por embalagem, marca ou volume. A proposta, destacada por especialistas como exemplo de empreendedorismo social, mira um público historicamente marginalizado e com necessidades específicas — e, ao mesmo tempo, prova que dá para unir impacto e sustentabilidade financeira.

Da rejeição ao caixa: quando o propósito vira faturamento

O que nasceu da dor virou um negócio sólido. Reportagens recentes apontam que a Loja do Preso já fatura cerca de R$ 80 mil por mês e estuda formato de franquias para levar o serviço a outras regiões, um passo natural diante da demanda e da replicabilidade do modelo.

Por trás dos números, há um recado poderoso: recusar a mão de obra de quem saiu do cárcere tem custo social e econômico. Ao abrir a própria empresa, Péricles não só criou o próprio emprego — criou um serviço que o Estado e o varejo tradicional não oferecem do jeito que as famílias precisam. É o tipo de solução nascida do Brasil real, em que a criatividade vira ponte entre o problema e o cuidado com quem está do outro lado do vidro.

Por que essa história importa

A Loja do Preso sintetiza um traço muito brasileiro: empreender para sobreviver — e, melhor, empreender para incluir. Ao transformar a própria experiência em serviço, Péricles Ribeiro mostra que o empreendedorismo pode ser política pública informal quando o sistema falha. É o mercado aprendendo, na marra, a entregar dignidade.

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