A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) voltou a usar as redes sociais para se manifestar politicamente por meio de passagens bíblicas. Nesta quinta-feira (17/10), ela compartilhou uma foto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao lado do bispo Samuel Ferreira, líder da Assembleia de Deus de Madureira; e do advogado-geral da União, Jorge Messias. Na legenda, Michelle citou três versículos: Apocalipse 22:11, Números 24:9 e Mateus 6:24, este último conhecido pela frase “Ninguém pode servir a dois senhores”.
A publicação ocorreu após o encontro de Lula com lideranças evangélicas, em Brasília, interpretado como um gesto de aproximação do governo com o segmento religioso. Samuel Ferreira, que orou pelo presidente durante a reunião, foi um dos principais apoiadores de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022 e havia recebido o ex-presidente em um culto no Brás, em São Paulo, durante o segundo turno.
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Abrir em tela cheiaNos trechos bíblicos citados por Michelle, aparecem mensagens sobre pureza espiritual, justiça e fidelidade. “O injusto, faça ainda injustiças, o impuro pratique impurezas. Mas o justo faça a justiça e o santo santifique-se ainda mais”, diz o versículo de Apocalipse. Já em Números, o texto fala sobre bênçãos e maldições: “Deita-se, descansa como um leão, como uma leoa: quem o despertará? Bendito seja quem te abençoar, maldito que te amaldiçoar!”. Já a passagem de Mateus reforça a impossibilidade de servir a dois senhores, enfatizando a escolha entre Deus e as riquezas; ou, no contexto político, entre a fé e a conveniência.
A ex-primeira-dama já havia recorrido à Bíblia em outros momentos de tensão política. Após a condenação de Jair Bolsonaro na ação penal sobre a tentativa de golpe de Estado, Michelle publicou trechos sobre “mentiras” e “injustiças”, criticando, sem citar nomes, o Supremo Tribunal Federal (STF).
Na última semana, ela também atacou Lula e Janja, chamando o casal de “maldito” e “ordinário” por, segundo ela, “demonizarem Israel” enquanto tentam se aproximar das igrejas evangélicas. “A senhora do líder proibiu ele de falar com o povo cristão e agora está indo nas igrejas. Vamos abrir os nossos olhos espirituais?”, escreveu em um discurso que repercutiu entre apoiadores.
A reunião de Lula com Ferreira e Messias reforça a leitura de que o presidente tenta ampliar pontes com o público evangélico, um dos setores mais resistentes ao seu governo. A presença de Jorge Messias, membro de uma igreja batista e favorito ao STF, foi vista como um sinal de que o Planalto busca respaldo também entre conservadores religiosos.