Na sexta-feira (17), 32 estudantes eleitos Embaixadores do Meio Ambiente das escolas municipais de Belém participaram de umaformação sobre mudanças climáticas, realizada na Casa da ONU em Belém. A programação foi organizada pela Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia (Semec), em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
A iniciativa integra aPolítica Municipal de Educação Ambiental, considerada uma das prioridades da política pedagógica da rede. Segundo Beatriz Morrone, secretária executiva pedagógica da Semec, o objetivo é “fomentar nas escolas práticas voltadas à sustentabilidade, à cidadania ambiental e à educação climática, bem como formar lideranças estudantis engajadas nadefesa do planeta”.
Durante o evento, os embaixadores foram divididos em dois grupos. O primeiro, formado por estudantes de 6 a 10 anos, participou das atividades pela manhã, que incluíramdiálogo sobre mudanças climáticase oBalanço Ético Global(BEG). O BEG é uma iniciativa liderada pela presidência da COP-30 e pela Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que convida os participantes arepensarem modos de vida, relações e ofuturo coletivoa partir da ética, entendida como parte essencial da resposta à crise climática. Ao final da manhã, os Embaixadores reuniram contribuições e ideias para oenfrentamento da crise climática.

Entre as participantes, Fernanda Silva, estudante do 5º ano da Escola Municipal Walter Leite Caminha, destacou a importância do compromisso coletivo com o meio ambiente. “Temos que olhar as pessoas de maneira igual. Eu sou uma pessoa e você também é uma pessoa. Precisamos ter consciência de que, trabalhando juntos, teremos umplaneta melhor para nós e para as futuras gerações”, afirmou.

Para Mariana Buoro, a parceria com a rede de Embaixadores do Meio Ambiente da Semec “é uma forma de fortalecer esses meninos e meninas potentes de Belém como participantes ativos na reflexão sobre o futuro que queremos construir coletivamente”.

Simulação da ONU
Durante a tarde, a programação continuou com o segundo grupo de Embaixadores, formado por estudantes de 11 a 14 anos, que também participaram de discussões sobre meio ambiente e mudanças climáticas.

A dinâmica seguiu o Modelo das Nações Unidas (popularmente chamado de Simulação da ONU), uma metodologia ativa de ensino em que os estudantes ocuparam cargos de chefes de Estado, dialogando sobre problemas que afligem o mundo e propondo soluções. Foi uma espécie de “mini COP”, onde os estudantes conectaram as suas experiências cotidianas com os assuntos levantados para discussão.

Segundo Geovana Sampaio, coordenadora de Advocacy do Grupo de Estudos em Geopolítica e Economia Global (GECON), da Universidade Federal do Pará, que conduziu a simulação, toda essa prática está em diálogo com as competências da Base Nacional Comum Curricular. “Essa prática possibilita que temas transversais que dificilmente circulam no debate escolar, possam ser refletidos pelos jovens, mas não de modo passivo. Ao contrário, ela envolve os estudantes de forma ativa para correlacionarem o que já estudaram na sala de aula com a realidade em que estes se inserem”, explica Geovana.

A estudante do 7º ano da Escola Municipal Alzira Pernambuco, Aimee Rocha, de 13 anos, comenta que essa atividade é de grande importância para os jovens fazerem ouvir sua voz, dizer o que pensam e suas ideias. “Através desse projeto, muitos jovens podem dar suas ideias sobre comocuidar do meio ambiente, proteger nossos animais, a nossa fauna, a nossa flora.É extremamente empolgante, nos dá mais vontade de participar, um impulso maior de dizer o que pensamos”, afirma a aluna.

Após a simulação da ONU, os estudantes debateram sobre os temas que acham relevante apresentar numacarta que será redigida por eles e entregue à presidência da CO-P30, junto com as propostas de outras crianças, adolescentes e adultos do mundo todo. Um grupo de trabalho foi formado para a produção dessa carta, que vai contemplar os temas do desmatamento, alimentação e saúde, resíduos, saberes da população e rios.

Com esse diálogo, Belém conecta as vozes das crianças e adolescentes da Amazônia ao mundo, integrando uma série de debates realizados em diversos países do Norte e do Sul Global. A proposta reforça a convicção de que as crianças não são apenas vítimas da crise climática, mas também agentes de transformação.